Brasília/DF

Dificuldades foram enfrentadas e as equipes da UNB realizaram seus trabalhos. Parabéns a todos os rondonistas da UNB.
Acompanhe de perto as equipes da Universidade de Brasília-UnB em atividades no Projeto Rondon 2008 em sete municípios do Brasil. As equipes são formadas por 50 alunos e 14 professores e vão mostrar o dia-a-dia do projeto com matérias e fotos diretamente do local.
Vários motivos levam um universitário a participar do Projeto Rondon: a oportunidade de levar a campo os conhecimentos da graduação, a possibilidade de descobrir novas realidades, a vontade de explorar "brasis" desconhecidos. Mas o que leva um militar a escolher, como voluntário, o trabalho no Rondon? "Queria sair da rotina do quartel e conhecer melhor a região de Sergipe", conta o sargento Thiago Silvino, do 28 Batalhão dos Caçadores de Aracaju e, há uma semana, militar que acompanha a equipe de rondonistas da UnB em Salgado. Foi ele quem teve a sorte (ou o azar) de passar 15 dias de operação com uma equipe 100% feminina. Silvino falou sobre os problemas e as alegrias desse convívio intenso com oito mulheres, do que significa o Rondon para ele e de como avalia as atividades da equipe no município.
Como é a preparação para o Rondon dentro do quartel?
Silvino: Os militares que acompanham os rondonistas são voluntários. Um mês antes da viagem, os sargentos interessados se inscrevem para as operações, para trabalhar como "anjos". Depois de selecionados, viajam para conhecer os municípios que receberão as equipes e melhor orientar os rondonistas sobre as condições da região. A equipe mesmo, a gente conhece só no dia do embarque para a cidade do Rondon.
Como você imaginava que funcionava o Rondon antes de participar de uma operação?
Silvino: Essa é a primeira vez que trabalho com rondonistas. Antes, eu achava que o projeto se resumia a alunos de capitais conhecendo culturas diferentes, realidades da periferia. Hoje eu vejo que é algo que vai além disso. É um projeto em que universitários conhecem, de fato, outras culturas, mas também desenvolvem um trabalho social. E pra mim está sendo muito válido, não como militar, mas como pessoa. Cada povoado te ensina uma coisa.
Você trabalha com uma equipe de oito rondonistas. É um convívio muito diferente do quartel. Qual a principal diferença de trabalhar com homens e mulheres?
Silvino: Conviver com tanta mulher junta por 15 dias não é algo tão fora do comum assim. Mas tem diferença realmente. Papo de mulher é mais interessante que o dos homens. Elas falam demais, é verdade, mas geralmente tratam de assuntos diversos, não são tão previsíveis quanto as rodas masculinas.
E como avalia o trabalho das rondonistas em Salgado?
Silvino: As meninas estão fazendo ótimas oficinas. Cada uma é muito boa no que faz e, como são excelentes profissionais, fica bem mais fácil "cuidar" delas. Eu e as professoras estamos tendo pouco trabalho, porque a equipe já é muito disciplinada e engajada. Ainda bem, porque a população de Salgado é muito necessitada de todo tipo de instrução.
Semana passada, fizemos uma visita a uma casa de farinha na região rural, existem várias farinheiras mas visitamos apenas uma. Fomos muito bem recebidos pelos trabalhadores, eles nos contaram que começam a produção de farinha 2h da manhã e só terminam umas 18h!
Hoje tivemos oficina sobre horta comunitária e montamos uma na escola onde estamos alojados. Muitas pessoas estiveram presentes, a maioria da área rural.
Todas as noites, das 20h às 22h, fazemos oficina de capacitação de mão de obra para o comércio.
Já estamos nos preparando para a volta.
"Três anos de Infantaria, dez anos de República e quinze anos de UnB."(GUARITÁ, 2008). Esta vem sendo a frase mais ouvida pelos integrantes desta equipe (Sub-Comandante, Cronograma, Birigui, Senhora LX, Rainha e Ingrid) desde que deixamos o Batalhão de
Após o regime de engorda no quartel e a festa de abertura da Operação Norte de Minas, partimos ao município de Comercinho com nossos companheiros da Universidade Federal de Uberlândia (Gorete, Esquisito, Zuliet, W.O.leska, Pit-Bull, Carol a Bessa, Camila e Lohainy), numa viagem de 7 horas (sendo 1h em estrada de terra) em um amplo, confortável e espaçoso microônibus.
Ao chegarmos à cidade de Comercinho, fomos novamente alimentados e, então, alojados em confortáveis mesas escolares. Acabava aqui a fase da moleza e começava a melhor viagem da minha vida.
No dia seguinte, ajustamos nosso cronograma à realidade local e, como a população não compareceu à nossa primeira oficina, fizemos um reconhecimento da área urbana do município. Foi então que descobrimos que a escola fica acima da pior ladeira de toda a cidade! Neste dia conhecemos parte da (falta de) infra-estrutura local, incluindo os rios (de esgoto), o depósito de lixo (a céu aberto), o matadouro e a barragem que fornece água para a cidade.
Após um ajuste, ampliamos nossas ações a um grupo de estudantes da zona rural, do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e do Pró-Jovem. A eles, dedicamos ações de cidadania, aulas de informática e de questões ambientais. O sorriso ao fim das apresentações é impagável.
Infelizmente, no dia 8 de julho tivemos uma "baixa". Nossa companheira Ingrid, estudante de pedagogia, teve que deixar o grupo por problemas de saúde. E, de novo, a equipe passou por um processo de reorganização das atividades.
Hoje, 11 dias após nossa saída de Brasília, parece que nos conhecemos há três meses. O clima na cidade é ótimo, porém nossas oficinas nem sempre ficam cheias (a população é receptiva, porém sua inércia é grande). Saudações à Ingrid e aos amigos (de todos) que ficaram em Brasília.